Ouça enquanto lê:
Todas as vezes que eu te deixava em casa era a mesma coisa. Você me olhava firme nos olhos, sorria com os lábios pouco felizes, e me dizia ‘adeus’. Essa sua mania constante de me deixar completamente confuso a cada despedida, com um aperto no coração e a incerteza se te veria novamente, se aquilo era apenas mais um tchau ou se representava uma despedida definitiva.
Apesar de prometermos um ao outro não
lembrar, eu recordo de cada gesto e de cada palavra dita na nossa última noite
juntos. ‘Não chore no domingo.’ Era para ser apenas a tradução da música que eu
jurava estar cantando alto. Você levou a sério. Tão a sério que, a partir daí,
nosso mundo virou de um jeito totalmente desagradável. A crise de choro sem
sentido, o aperto no peito e a vontade de abraçar para nunca mais largar. Hoje
interpreto como sinais do que estava para acontecer.
Talvez seja por causa daquele beijo que eu
te dei no ouvido que o último ‘adeus’ foi definitivo. Aquele beijo ainda dói em
mim. Sim, em mim, mesmo sabendo que te resultou em uma infecção. Dói em mim
porque essa é uma das últimas lembranças que você leva. E, por ser a pior
recordação, talvez te enoje e reafirme o ‘adeus’ no seu inconsciente – muito
mais do que no seu consciente.
Eu ainda não aprendi a dizer ‘adeus’. As
vezes que te correspondi assim eram sempre acreditando entregar a Deus o nosso
amor, para que caminhasse da melhor forma e fosse abençoado por Ele.
Ainda estou esperando a ligação. A ligação
que nunca chega. Ainda estou esperando o melhor, já que não era com você.
Esperando alguém que faça a casa no meu cangote e aqui permaneça. Ainda
acredito em mágica e, talvez, só isso te traga de volta.
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